A história do voto feminino

As mulheres no Brasil só tiveram direito a votar para escolher seus representantes na política a partir de 24 de fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076. Apesar de conquistado por meio de muita luta, especialmente das feministas, o voto não era obrigatório e as pessoas não alfabetizadas não podiam votar. Só a partir de 1965 o voto feminino se tornou obrigatório. Ou seja, as mulheres só passaram a ter direito de influenciar as decisões políticas há pouco mais de 60 anos. Isso em parte explica a enorme desigualdade de representatividade das mulheres tanto nos cargos políticos, quanto na desigualdade socioeconômica. 

Por que é importante que mais mulheres participem da vida política?

A política não acontece apenas na câmara dos vereadores, na prefeitura, na sede do governo estadual ou no Palácio do Planalto. Ela faz parte do cotidiano de toda a população. Quando uma mulher leva mais de duas horas para chegar no trabalho por conta da precariedade do transporte público, quando não consegue vaga na creche ou na escola perto de casa para matricular seus filhos, quando falta água e energia elétrica recorrentemente, quando ela sofre violência doméstica ou é enganada pelo patrão, todas essas situações demonstram o quanto as pessoas são afetadas por decisões políticas. E deixar de ficar atentos ou participar, é como cruzar os braços para modificar situações que nos prejudicam.

Causas e consequências do não envolvimento nas questões políticas

A mulher sofre uma sobrecarga em função do trabalho fora de casa, dos cuidados com o lar e a família, mas isso não é um impeditivo para que tenha interesse ou participe do que está acontecendo no cenário político. A estrutura social patriarcal impôs às mulheres um afastamento da vida política, mas o fato é que a maioria da população eleitora do Brasil é feminina. Nas eleições de 2022, por exemplo, 52,65% do eleitorado era de mulheres, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE. Em contrapartida, menos de 20% dos ocupantes de cargos decisórios são ocupados por elas. Ou seja, a mulher tem direito de participar da democracia, é maioria para decidir em favor de seu grupo, mas elege uma maioria masculina para tomar decisões. Se existe a possibilidade de divórcio, de recorrer à Lei Maria da Penha, se existem direitos reprodutivos e políticas públicas voltadas à saúde da mulher é porque muitas delas entenderam a importância de sua participação na política e lutaram pelos seus direitos. 

Educação cidadã e política

Desde 2013, observando o cenário político nacional e as manifestações que ocorreram em vários locais do páis, um grupo de jovens percebeu o despreparo da população para o exercício da democracia. Foi assim que nasceu o Politize! um movimento feito por voluntários para fazer educação política para o exercício da cidadania. Desde então, no site, no canal do youtube ou nas redes sociais e projetos, o Politize disponibiliza conteúdos para ampliar a consciência sobre direitos e ressaltar a importância da participação da população nas eleições. Veja aqui um exemplo de conteúdos que tratam do tema das Mulheres e Democracia

2024, ano de eleições municipais

No Brasil, votamos para escolha dos cargos de presidente da república, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, mas é no dia-a-dia das cidades e municípios que o impacto de muitas políticas é vivenciado pela população. Em 2024, em todos os municípios do país acontecerão as eleições para prefeito e vereadores. Isso significa uma chance de escolher como representante alguém que de fato lute pela melhoria da qualidade de vida da população. Daí a importância de verificar as datas para validar o título de eleitor, saber com antecedência o local e a sessão de votação, pesquisar entre os candidatos aquele que de fato tenha historicamente lutado pelos direitos do povo. 

Atenção ao voto secreto e às fake news

É importante lembrar que o voto é secreto e cada pessoa pode e deve escolher seus próprios candidatos, sem se deixar ser levado por falas ameaçadoras ou de troca de voto por favores. Isso é crime. E também é crime espalhar fake news, aquelas informações as vezes podem até parecer que são verdadeiras, mas que pesquisando sobre o assunto, você descobre que são falsas. Por isso é sempre bom pesquisar, alertar a pessoa que enviou a informação falsa e, principalmente, não espalhar esse tipo de notícia. E é sempre fundamental ressaltar que a participação não termina quando acabam as eleições. É preciso acompanhar o candidato caso tenha sido eleito, para saber o que está fazendo e cobrar as promessas de campanha.

Como as organizações sociais podem contribuir para a maior participação de mulheres na política?

Rodas de conversa, debates, envio de informações, cartilhas, cartazes, passeios em pontos históricos que possam levar a uma reflexão sobre a democracia e participação popular nas eleições. Todas são ações bem-vindas, ainda mais em ano de eleição. 

No Instituto Dara, por exemplo, além das rodas de conversa, a instituição organiza Cine Debate onde, a partir de um filme ou vídeo, estimula-se a reflexão crítica sobre determinado assunto. 

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