Este artigo faz parte do conjunto de atividades promovidas pelo projeto Programa Artístico Familiar – PAF – PRONAC 223723 desenvolvido pelo Instituto Dara, patrocinado pelo Ministério da Cultura através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Que estratégias podem ser adotadas por organizações sociais que atendem crianças para promover a Cultura, a Educação e o desenvolvimento infantil?
De acordo com alguns teóricos e na experiência de mais de 30 anos do Instituto Dara no atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade, podemos afirmar que é na brincadeira e no brincar, na arte terapia, por meio da linguagem lúdica, que a criança vai desenvolver habilidades neurais, cognitivas, motoras e sociais.
As brincadeiras lúdicas inseridas adequadamente no processo de apropriação dos conhecimentos e desenvolvimentos das habilidades infantis permitirão à criança construir o conhecimento. Esse processo estimulará o pensamento crítico e reflexivo, proporcionando ao infante compreender as situações vivenciadas em seu cotidiano e desenvolver competências e capacidades correspondentes à sua faixa etária (MELO, 2016). Assim, brincar é uma estratégia fundamental para o desenvolvimento da criança e um meio para o fortalecimento da saúde, da educação e da cultura.
As Diretrizes curriculares nacionais da educação infantil compreendem essa perspectiva:
A criança é um sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010)
Os mil primeiros dias de vida
Os mil primeiros dias de vida (desde a concepção até os 2 anos de idade) de uma criança são considerados cruciais para a saúde tanto do ponto de vista metabólico, imunológico e microbiológico como da perspectiva do neurodesenvolvimento. É nesta fase que acontece a mais dinâmica formação e modelação bioquímica dos tecidos cerebrais. O desenvolvimento neuropsicomotor, como já apontado, sofre influências da qualidade dos vínculos sociais, de fatores ambientais e genéticos.
O desenvolvimento infantil é dividido em sensório-motor, cognitivo, linguagem (comunicacional) e emocional (psicossocial). A estimulação de sentidos e da psicomotricidade com cores, cheiros, sons, sabores, toque é muito importante nos três primeiros anos de vida. Rolar, sentar, engatinhar, ficar de pé, balbuciar, cantarolar e manipular objetos são competências a serem estimuladas nessa fase.
A brincadeira é uma ferramenta poderosa de estímulo ao desenvolvimento e ao aprendizado. Ela permite que a criança conheça e reconheça formas, ative a memória, faça associações, mobilize a atenção, encontre foco, organize, experimente, imagine e desenvolva a curiosidade, a autonomia e a imitação, a organização, os limites, a experimentação, a imaginação, a autonomia e as habilidades socioemocionais.
Para a realização das atividades por faixa etária, utilizamos como base a teoria dos estágios de desenvolvimento descritos por Piaget (1999).
De 0 a 2 anos
Na faixa etária de a 2 anos, atividades que podem auxiliar no desenvolvimento são:
- Brincadeiras usando o próprio corpo;
- tapete sensorial;
- chocalhos;
- brinquedos musicais;
- mordedores;
- garrafa pet sensorial;
- autoimagem com o espelho;
- cubos de montar e desmontar;
- brinquedos de martelar;
- rabiscos espontâneos;
- blocos; carrinhos;
- trenzinhos;
- peças de encaixe;
- peças de montar e desmontar;
- estímulo ao engatinhar ou andar;
- acolhimento e apresentação de objetos na recreação, intercalando com a presença da mãe quando a criança solicita.
Durante esse estágio inicial de desenvolvimento, espera-se que os bebês estejam:
- Adquirindo conhecimento por meio de experiências sensoriais e manipulação de objetos por meio de reflexos básicos, sentidos e respostas motoras.
- Aprendendo ações físicas, como engatinhar e andar.
- Aprendendo sobre a linguagem das pessoas com quem interagem.
- Começando a desenvolver a compreensão de que os objetos continuam a existir mesmo quando não podem ser vistos – o que implica, também, o desenvolvimento da segurança quando afastados de sua mãe por saber que ela vai voltar.
- Ao aprender que os objetos são entidades separadas e distintas e que têm existência própria fora da percepção individual, as crianças estão começando a ser capazes de atribuir nomes e palavras a objetos.
- Começando a desenvolver a percepção da autoimagem.
É importante lembrar que esta divisão é organizada de forma didática, porém cada criança possui seu contexto particular, que permitirá mais ou menos compatibilidade de sua idade
com as habilidades anteriormente descritas.