O Instituto Dara elegeu a impermeabilização como tema para o ano de 2023 e contou com a parceria da Vedacit e da FAU/UFRJ. O tema foi escolhido porque um dos fatores que mais afeta a saúde das famílias em situação de vulnerabilidade é a infiltração, resultado de problemas estruturais das moradias e que resultam em ambientes úmidos, com mofo, gerando problemas respiratórios e agravando ainda mais o quadro de doenças pré-existentes nos membros, especialmente nas crianças. Para encerrar o ano, no dia 4 de dezembro de 2023, o Dara reuniu estudantes e professores de arquitetura e pedreiros (que trabalharam em obras nas moradias das famílias atendidas pela organização) com o objetivo de tornar as moradias mais saudáveis para as crianças e trazer mais dignidade famílias atendidas pela organização.

Durante a aula experimental, estudantes, profissionais e famílias puderam aprender na prática como reparar problemas de infiltração. A manhã começou com as boas vindas do Professor Marcos Silvoso, responsável pelo Laboratório de Materiais de Construção da universidade que ressaltou a importância da parceria para a atuação em campo dos estudantes extensionistas. Ele lembrou também o papel da universidade pública, que está aberta a todos, e que busca devolver para a sociedade a aplicação do conhecimento. Raquel Menezes Cordeiro, coordenadora da área de moradia do Instituto Dara explicou sobre a atuação da organização e a apresentou de alguns estudos de caso de intervenções e consultorias prestadas pelo instituto às famílias. Ela lembra que um dos pilares do Plano de Ação Familiar – PAF, metodologia do Instituto Dara, prevê a participação da família em cada decisão. “No Dara é assim, a gente dá um passo e a família dá outro. Entregamos uma reforma em branco e a família pinta de azul, por exemplo”. Em seguida, foi o momento de colocar a mão na massa e aprender como refazer e impermeabilizar fachadas e lages. 

Para Alessia Conrad e Ana Beatriz Oliveira, ambas estudantes do 7º período do curso de Arquitetura e do curso de extensão em Habitação Social, a oportunidade de atuar junto à equipe do Instituto Dara no atendimento à famílias em situação de vulnerabilidade é importante para ampliar a visão do conceito de arquitetura social e um confronto entre  o que se aprende na universidade e o que acontece na vida real em muitas comunidades carentes. 

Celi acordou às 5 horas da manhã, saiu de Queimados para chegar no Fundão e aprender como acabar com a infiltração que afeta a bronquite da filha de 4 anos. Ela chegou ao Instituto Dara por meio de uma unidade encaminhadora por conta da anemia falciforme da caçula. “Uma coisa é certa: quero aplicar o que eu aprender na minha casa, na casa da minha mãe e multiplicar para outras pessoas.” Já Marceli, de 39 anos, chegou ao Dara encaminhada pelo CRAS do Dona Marta. A filha sofre com uma alergia respiratória e ela pretende melhorar o ambiente da casa. Segundo ela, o que mais chama a atenção na sua relação com o Dara é o acolhimento e a atenção com que todos a tratam: “As vezes é uma palavra, mas ajuda a gente na área mais difícil das nossas vidas.” 

Ao longo da oficina houve muita troca de informações e dicas entre todos. Alan, consultor da Vedacit, esclareceu várias dúvidas e ressaltou o valor da prevenção das infiltrações, explicou a importância do uso de materiais e equipamentos, a diferença entre  tijolo tradicional de cerâmica e bloco de concreto, aproveitamento de materiais e como evitar desperdício. O grupo aprendeu como levantar uma parede com cimento e areia, chapiscar e fazer emboço de cimento com aditivo impermeabilizante. A oficina terminou com a impermeabilização de uma lage.

Michael, Jorge, Edinei e Francisco aproveitaram o encontro para atualizar seus conhecimentos de pedreiros. “Estou aqui com 60 anos e aprendendo”, disse satisfeito Jorge.

Para Raquel, foi um dia muito especial, pois para além das questões técnicas e de conhecimento, é importante trazer as famílias para o espaço da universidade para que elas saibam que este também é um espaço delas. 

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