No Instituto Dara, a relação entre geração de renda e resgate da autoestima é comprovada na prática a partir da descoberta de habilidades e talentos
“Eu nunca imaginei que fosse capaz de fazer isso” é uma das frases que ouvimos muitas, mas muitas vezes em nossos cursos de capacitação. A surpresa não é apenas por experimentar um quitute que saiu do forno e é elogiado pela equipe. É também descobrir-se capaz de preparar algo com as próprias mãos.
A descoberta de habilidades
Nosso desafio na área de Renda é fazer com que o responsável de cada família atendida — a maioria são mulheres — descubra pelo menos uma habilidade que possa ser aperfeiçoada a ponto de gerar renda. Quem tem habilidade para trançar cabelos, por exemplo, no curso de cabeleireiro aprende novas técnicas, aperfeiçoa o trabalho, aprende a valorizá-lo e a cobrar por ele. Mais que gerar um recurso extra, agora essa mulher se posiciona como uma prestadora de serviços de beleza.
Notamos que a partir do momento que essa mulher se capacita, inicia um movimento rumo a uma mudança de realidade, não apenas sua, mas de toda a família. A falta de emprego ou de outra forma de renda impacta a autoestima e pode manter as pessoas em um estado de inércia. Isso leva a um círculo vicioso que leva as pessoas a desistirem de buscar alternativas.
A renda como motor de mudanças
A partir do momento que elas descobrem habilidades e passam a gerar renda, tornam-se mais confiantes e isso acaba se refletindo em outras áreas, como saúde, educação e moradia. Por isso, não caminhamos sós. A Renda é o motor das primeiras mudanças.
O trabalho também passa pela quebra do ciclo de pobreza. O contexto familiar em que foram criadas e vivem até hoje parece ser a única possibilidade, a de viver na escassez. Não é apenas gerar renda, mas fazer com que reflitam sobre seu papel no mundo, na família, na comunidade. O que elas podem fazer diferente? O que podem oferecer a seus filhos que não tiveram quando crianças?
Às vezes, elas chegam sem conseguir olhar nos nossos olhos, por diferentes motivos: vergonha por acreditarem ser incapazes de fazer algo bem-feito, insegurança alimentada pela falta de incentivo ao longo da vida e até mesmo por traumas da violência doméstica.
A autoestima
O resgate da autoestima dessas mulheres é feito ao longo da jornada de acompanhamento no Dara. Elas só precisam que alguém as olhe de forma diferente, acolha, escute e mostre novos caminhos que quebrem o ciclo de escassez e pobreza.
Quando a baixa autoestima vai cedendo lugar para a autoconfiança, as mudanças surgem: colocam em prática nas suas casas o que aprenderam aqui sobre alimentação, muitas retornam para a sala de aula, passam a cuidar da saúde e, portanto, de si. Tudo isso sabendo que são capazes, não apenas de fazer algo, mas de gerar renda a partir de suas habilidades e de seus talentos.
Durante as formaturas dos nossos cursos muitas mulheres agradecem por serem olhadas. A invisibilidade traz reflexos, mas nós mostramos que elas têm seu espaço e as convidamos a ocupá-lo. É um trabalho repleto de significado. Apoiamos pessoas a descobrirem que são capazes e que essa capacidade muda a realidade de uma família inteira.
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