O Carnaval movimentou em 2023, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio – CNC, cerca de 8 bilhões de reais. Só no Rio de Janeiro, a estimativa da prefeitura era de que a festa geraria mais de 4 bilhões. Aproveitar o evento para aumentar a renda é uma oportunidade, especialmente para as mulheres, mães solo, chefes de família, uma realidade frequente entre a população mais vulnerável. Os efeitos da força produtiva da mulher são fundamentais para a sobrevivência e manutenção das famílias. Mulheres empreendedoras inspiram outras mulheres a buscar saídas para geração ou complementação de renda.

“É a hora de ganhar um dinheirinho…”

Quem avisa é a Adrianne  Maria Claudino dos Santos, 35 anos, moradora de Antares, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro. Todos os anos ela faz o cadastro no site da Prefeitura para o sorteio de uma licença para vender bebidas no Carnaval. Nem sempre é contemplada, mas em 2024 conseguiu ser sorteada e vai aproveitar o momento para aumentar a renda da família. Adrianne tem 5 filhos e foi encaminhada pelo Hospital da Lagoa, onde o filho foi tratado de tuberculose miliar, para ser atendida no Instituto Dara. A instituição apoia famílias em situação de vulnerabilidade. Ao longo da sua jornada pelo Plano de Ação Familiar – PAF, metodologia da organização, ela aprendeu algumas dicas de empreendedorismo e a fortalecer sua rede de apoio. Foi pensando justamente na sua rede que ela chamou outras 4 amigas para empreenderem juntas nesse carnaval. “Antes a gente catava latinha, mas agora pegamos o carrinho de feira e vamos juntas vender bebidas”. Os produtos são fornecidos pelo patrocinador escolhido pela Prefeitura. Para incentivar outras mulheres a participar, Adrianne dá a dica: “Tem que gostar de carnaval e ter muita energia porque é muito agitado”. 

Ideias para trabalhar com as famílias no Carnaval

Idosos, adultos, crianças e adolescentes, todo mundo tem direito a curtir o Carnaval. E as oportunidades de oferecer produtos para a brincadeira são muitas. As organizações sociais que atuam no combate à pobreza podem ajudar a inspirar as famílias a planejar como aproveitar a época para aumentar a renda. Veja algumas aqui:

  • Fantasias, adereços, bolsas, sandálias: para quem tem habilidades manuais com costura, pintura e criatividade, apostar em produtos que compõe diferentes figurinos para diferentes idades e tamanhos.
  • Maquiagem e cabelo: muita gente investe numa maquiagem especial, com muito colorido e purpurina (biodegradável ou ecológica, é claro!). Então é uma excelente oportunidade para quem tem experiência em prestar serviços de maquiagem. Também pode oferecer serviços de tranças e apliques, tererê, dread locks.
  • Venda de bebidas: com tanto samba e suor, o povo precisa se hidratar. Então nada como estar no lugar certo, na hora certa, oferecendo aquela bebida gelada pra matar a sede dos foliões.
  • Venda de lanches e quentinhas: depois de brincar muito nos blocos e na avenida, sempre bate aquela fome. E na hora de repor as energias, um lanche sempre é bem-vindo. Sanduíches, salgados, biscoitos, bolos, sacolé, marmitas. O importante é garantir que os produtos estejam próprios para consumo.
  • Protetor solar, hidratante, bronzeador, chapéu, leque: vale tudo para o pessoal se proteger do sol.
  • Motorista de aplicativo: quem curte carnaval e uma cervejinha já sabe que dirigir bêbado é crime. Então trabalhar como motorista de aplicativo durante a festa também pode ser uma oportunidade de renda extra. 

Veja outras Dicas para aumentar a renda da família aqui.

Dicas do Sebrae

Veja algumas dicas que o Sebrae compartilhou para quem quer empreender no carnaval:

  1. Planejar cada etapa, desde a compra de insumos, as datas e locais, os equipamentos, detalhar os custos, as tarefas, quem estará envolvido na produção e na venda.
  2. Conversar com alguém que já tenha vendido produtos e serviços semelhantes no Carnaval para entender as dificuldades, os riscos e se preparar para o evento.
  3. Pesquisar se o município exige alguma licença para você vender seu produto e se existe alguma legislação específica.
  4. Pensar no preço do produto, fazer uma pesquisa de mercado e pensar em descontos.
  5. Pesquisar os preços dos insumos e mapear diferentes fornecedores.
  6. Pense na venda e no cliente, seja criativo, tenha sempre troco e ofereça diferentes formas de pagamento. 
  7. Avalie os resultados. Valeu a pena? Qual foi o lucro? O que você aprendeu?
Como as organizações sociais estão ajudando a fomentar o empreendedorismo feminino no combate à pobreza?

Rede Asta é, hoje, uma organização social que apoia mulheres artesãs em três frentes: com uma escola de negócios, que capacita empreendedoras; na produção, com a confecção de produtos em larga escala (máscaras durante a pandemia e, hoje, absorventes); e na venda, aproximando vendedores e compradores que vivem próximos. São mulheres das classes C, D e E que, na maior parte das vezes, começam a empreender por necessidade. A Rede identifica essas empreendedoras e as insere em redes de oportunidades para gerar impacto real e sistêmico. Segundo um estudo realizado pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) em 2022, 46% das mulheres ouvidas começaram um negócio por necessidade. Dessas, 52% das empreendedoras são negras, 71% estão nas classes D e E e 56% possuem até o ensino fundamental.

Já no Instituto Dara, são oferecidos cursos de empreendedorismo, com capacitação nas áreas de gastronomia e beleza. Enquanto aprendem, as mães podem deixar seus filhos com uma equipe de recreação com viés pedagógico. As famílias são ouvidas periodicamente para que a equipe identifique as potencialidades e dificuldades e, assim, defina um plano de ação personalizado e, portanto, mais eficaz.

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