Racismo ambiental e justiça climática

O conceito de racismo ambiental implica na injustiça com a qual as populações mais vulneráveis são sistematicamente tratadas em seus territórios. Seja pela falta de investimento público em estruturas urbanas essenciais como saneamento, ruas e estradas, coleta de lixo. Ou pela escolha de locais para implementação de lixões ou indústrias poluidoras, que jamais se estabelecem em áreas onde a maioria da população é branca e o poder aquisitivo é maior.  Um exemplo bastante ilustrativo é quando ocorrem inundações, alagamentos e deslizamentos sempre afetando a população mais vulnerável. É assim que as mudanças climáticas impactam desproporcionalmente aqueles que vivem em situação de pobreza.

Mobilização mundial e local

Segundo a ONU, as crises climáticas cada vez mais frequentes podem colocar 80 milhões de pessoas a mais em risco de fome até a metade deste século. Foi a partir de uma articulação dos países membros da Organização das Nações Unidas que uma agenda global foi pactuada com a proposta de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, cujo propósito é  mobilizar a sociedade para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. 

No Rio de Janeiro, a Agenda Rio 2030 foi produzida a partir de pesquisas e processos de escuta coletiva, consolidando um conjunto de políticas públicas articuladas para a região metropolitana da cidade.

Um Guia com soluções locais

A partir da Agenda Rio 2030 e como resultado da rede de articulação de parceiros, a Casa Fluminense, espaço permanente para a construção coletiva de políticas e ações públicas, lançou o Guia para a justiça climática. A publicação tem como objetivo sistematizar esquematicamente as experiências de práticas, soluções e tecnologias sociais e ancestrais desenvolvidas em nossos bairros, favelas e periferias. São 15 tecnologias ancestrais e sociais para o enfrentamento ao racismo ambiental criadas por lideranças locais que estão buscando formas de se adaptar e sobreviver ao cenário de crise dos seus territórios.

Tecnologias sociais e ancestrais

Na publicação, você vai conhecer a iniciativa da A.M.I.G.A.S – Associação de Mulheres de Itaguaí Guerreiras e Articuladoras Sociais, que atua pelo enfrentamento à violência doméstica e pela economia solidária. É por meio de uma cozinha afetiva, comunitária, sustentável, além de capacitação profissional, em parceria com a Gastromotiva, que a associação enfrenta o desafio de transformar a realidade de muitas mulheres. 

Outra iniciativa é a Agenda Realengo 2030, que por meio da mobilização comunitária, busca transformar uma fábrica de cartuchos abandonada, que virou depósito de entulho, no Parque Realengo Verde. Depois de um mutirão de limpeza, a comunidade passou a ocupar o espaço por meio de atividades culturais, políticas e de lazer.

Já a Teto Verde Favela, que atua em Benfica, busca impulsionar a tecnologia dos telhados verdes nas favelas cariocas para mitigar a temperatura das casas. E a Revolusolar, primeira cooperativa de energia solar em favelas, tem como objetivo criar um novo modelo energético acessível e sustentável, com impactos ambientais, sociais e econômicos positivos.

Políticas Públicas e justiça climática

A publicação também apresenta um mapeamento de Legislações e instrumentos que podem ser acessados pelos cidadãos e organizações para o enfrentamento de questões ligadas ao clima e ao desenvolvimento sustentável.

 

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